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Nós da Comunidade Terapêutica Viver Livre, através deste espaço, dispusemos depoimentos/relatos referentes à Comunidade. Dando-lhe a você, visitante, uma verdadeira noção da importância desta Entidade e o quão faz diferença na vida destas pessoas.

Depoimentos

A comunidade terapêutica viver livre pra mim foi a conversão necessária que uma pessoa que usa droga precisa para voltar a sociedade.
Com o uso de drogas minha vida se tornou incontrolável e indisciplinar, não tinha responsabilidade com mais nada, objetivo de vida não tinha, meu caráter era de nível baixo em termos sociedade.
Ao entrar na comunidade viver livre meu pensamento era apenas parar de usar droga que até então era o que eu achava que era meu maior problema, ao decorrer do tratamento descobri ( graças as reuniões exercidas na comunidade) que meu maior problema estava no meu caráter que são os defeitos de caráter.
Após ter entendido a onde cheguei e porque cheguei ate ali comecei a deixar com que a comunidade me ajuda se a remover tais defeitos que me levarão ao uso de drogas e outros defeitos que vieram com o uso da droga.
O trabalho exercido na comunidade terapêutica viver livre é feito com muito amor carinho e dedicação. Isso me chamou a atenção fazendo com que eu me entregasse ao programa. Fui identificando os defeitos e eliminando com ajuda de reuniões, psicóloga enfermeira, coordenador, monitores e proprietários.
O compromisso que eu tive na comunidade fez em mim a mudança da responsabilidade que eu não tinha e hoje sei da importância da responsabilidade e o quanto é bom ser responsável. A sinceridade base na recuperação que desde a integração que eu fiz na comunidade ela estava presente nas pergunta feita pelo proprietário e a coordenação fez com que eu me senti se a vontade para ser sincero, a ajuda psicológica sempre foi sincera e com muita responsabilidade no atendimento.
Em termos de higiene aprendi a gostar de mim não apenas estar limpo, mas sim cuidar de mim por amor. Algo que sempre foi dito dentro da comunidade temos que aprender a nos amar Para poder amar os outros.
Em questão da saúde a droga me deixou algumas sequelas física e psicológica. E a comunidade me deu todo o atendimento necessário para a melhora física e psicológica.
Mas de tudo que escrevi até agora foi apenas consequência do que me salvou e reeducou meu ser. DEUS é o alicerce dessa comunidade o salvador de minha alma e o condutor da minha vida. E posso garantir a qualquer ser humano o quanto deus é presente na comunidade viver livre. Foi La que eu encontrei Deus, foi La que Deus me tocou, foi La que Deus me chamou de filho.
Devo minha vida pra Deus que através da comunidade viver livre fez com que eu enxergasse como é bom viver e ter compromisso.
Agradeço aos proprietários, coordenadores e todos aqueles internos e visitantes que mesmo sem intenção me ajudarão na recuperação de meu caráter. Amém. Vale a pena!

- Tiago, 26

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Carta ao Luciano Huck

Oi Lú, tudo bem? Eu sou a Luciane, sou psicóloga, moro no município de São João do Sul em Santa Catarina. Entro em contato contigo, para tentar ajudar na reforma de um lar que vem ajudando muitas pessoas ao longo dos últimos seis anos.Para você entender melhor vou contar tudo detalhadamente desde o começo...Eu fiz psicologia, sempre tive uma amiga muito parceira que também estudou comigo e também ama participar de trabalhos sociais. Me formei em 2010 e assim que sai da faculdade, consegui um emprego na área, dentro de uma instituição por vinte horas semanais. Deste emprego, consigo me sustentar. Como me sobram horas durante o dia, resolvi ajudar em trabalhos voluntários, e assim passei a ser chamada para palestrar. Entre uma destas palestras me veio o convite para trabalhar voluntariamente numa comunidade terapêutica para dependentes químicos e alcoólatras no município de Praia Grande/SC. Entrei em contato com essa amiga que tenho também psicóloga que mora em Turvo que também aceitou o convite e então passamos a trabalhar neste local, em troca somente da gasolina.Esta instituição mexeu muito comigo, porque se difere de todas as outras, pelo modo como foi criada e também pelo seu funcionamento, pela sua estrutura, por tudo. Sua base e força é o seu fundador, e é necessário que saibamos a história de vida dele, pois é o seu aprendizado da escola da vida que mantém tudo em pé a mais de seis anos, crescendo sempre um pouquinho a cada dia que passa.Este homem que me refiro, é o “seu Jairo”, hoje ele tem 52 anos, é casado, tem três filhos, possui hábitos saudáveis, e uma família muito feliz. Mas a realidade já foi bem diferente. Quando era mais novo ele era caminhoneiro, fumava, era alcoólatra e tinha várias namoradas, mesmo sendo casado. Uma vez acabou se encantando pela vida que levava e saiu de casa, abandonando a mulher e as duas filhas ainda muito pequenas.Quase um ano depois, ele percebeu que a vida vivida pela busca de dinheiro, festas, namoros, bebidas e cigarro não tinha sentido nenhum, pois lhe faltava o mais importante o “amor”. Amor este que só se encontra no lar. Então, seu Jairo foi até a família que tinha abandonado, e pediu perdão. Imediatamente a esposa junto das filhas o acolheu com todo calor e carinho que existe somente dentro de um lar. Depois de tantas escolhas erradas, Seu Jairo percebeu que a felicidade era feita de coisas bem diferentes do que as daquele conceito que ele tinha, e então, ele resolveu mudar a sua vida. Primeiro ele se aproximou de Deus, junto a isso, passou a cuidar da família com muito respeito e amor, ele também optou por uma vida simples no que se refere ao dinheiro, e então veio a decisão de viver para ajudar as pessoas que precisam de ajuda e não a tem. E foi assim que surgiram os novos sonhos de alguém que decidiu ser feliz. Na verdade se esses sonhos não tivessem dado tão certo, eu seria a primeira pessoa que o definiria como louco!No passado Seu Jairo tinha comprado um terreno no interior da Praia Grande, bem no alto de um morro, para construir uma casa de campo, para descansar nos finais de semana. E ele usou este terreno para a construção da “comunidade terapêutica viver livre”.A verdade é que Seu Jairo nunca teve dinheiro sobrando para construir nada, então começou com uma salinha bem pequena acolhendo quatro dependentes químicos. Nestes quatro dependentes, Seu Jairo viu que não existia somente o vício e a violência muitas vezes mostrados nas ruas, mas sim verdadeiros profissionais que sabiam trabalhar muitas vezes melhor que muitos que estavam atuando e ganhando dinheiro na sociedade. E aproveitando também esta mão de obra qualificada e rejeitada socialmente, foi até uma loja de material de construção, disse que não tinha dinheiro, mas queria comprar material para fazer o dormitório e o refeitório. E assim a comunidade começou a ser construída. A família dele sempre ajudou e o apoiou desde o começo e Seu Jairo passou a ter alguns voluntários, estes são os primeiros “filhos da casa” que fizeram o tratamento com ele e permaneceram por lá e ajudam até hoje. Cada voluntário tem um papel específico, tem o Volnei, que passou a viver sem a bebida e trabalha os doze passos com os filhos da casa, ele também realiza as reuniões de sentimentos. A monalice, filha do meio do Seu Jairo, (depois do perdão e da volta para casa, veio o filho homem do casal, hoje o menino tem onde anos!) que trabalha como secretária. A comunidade tem a enfermeira, esta é contratada, pois a comunidade não pode ficar sem de jeito nenhum. A Dona Luiza, esposa do Seu Jairo que está o dia inteiro cuidando se tudo está saindo certinho, e eu e a Jadna, psicólogas, que todas as terças e quintas pela manhã madrugamos para conseguir chegar lá em cima no horário, a Jadna faz setenta km para chegar a comunidade eu trinta. Como minha amiga mora em Araranguá, toda segunda e quarta a noite, deixa o marido e os filhos em casa, vem até a minha, dorme aqui para sairmos cedo pela manhã. E na comunidade também tem os três monitores, que são os filhos da casa que já estão concluindo o tratamento, e ficam responsáveis pelo monitoramento das equipes em todos os setores. Agora vou te contar um pouquinho sobre como a comunidade está hoje e junto a isso como funciona a cada dia. Atualmente temos trinta e três dependentes em fase de recuperação. Temos como estrutura, o dormitório que atualmente tem capacidade para acolher quarenta pessoas, isto porque mais dois quartos estão sendo construídos no momento, cada quarto possui dois beliches, e uma cômoda pequena que serve como guarda roupas. O refeitório mesmo pequeno acolhe todo mundo, em dia de visita fica uma loucura! Tem a cozinha com fogões industriais que o Seu Jairo morre de ciúmes, por favor, não os mude, ele sempre cuida se o fogão está brilhando! Tem a padaria, com um forno também industrial. Tanto forno e fogões foram doações, tem uma dispensa que sempre tem alimento, seja doado pela família ou pedido nas igrejas. Tem também uma sala de reuniões e uma capela com sacrário, maior orgulho conquistado. E uma sala pequena para ser dividida entre as duas psicólogas e a enfermeira. Em cima desta casa, existe um puxadinho de madeira, que não deve ter mais de 10M², praticamente só cabe uma cama e uma pia, e o Seu Jairo chama de “mansão”. Ali ele mora com a esposa e o filho de onze anos, as outras filhas já casaram.Uma das coisas mais legais de serem contadas, é que a comunidade não tem portões e nem muros. Ali só fica quem procura tratamento e quer recuperação e não encontra isso nos outros lugares. Hoje temos pessoas que ainda cumprem pena judicial, pessoas que eram indigentes e já não apostavam na vida, temos meninos muito jovens que eram altamente violentos e queriam mudar, mas precisavam de ajuda, enfim várias histórias que recebem ajuda para terem um final feliz, temos até uma criança de doze anos abandonada pelos comportamentos considerados errados diante de uma sociedade julgadora.Na comunidade tem somente pessoas do sexo masculino, que estão recebendo ajuda, e sendo valorizadas. Ali se descobrem novamente alguns atletas, pedreiros, marceneiros, metalúrgicos, pintores, escritores, padeiros, jardineiros, entre vários outros talentos, que com estes dons construíram cada pedacinho do que tem lá dentro. O mais legal é ver o quanto o conhecimento é transmitido, e a forma de como isto é feito. Os filhos da casa, são responsáveis por todas as atividades do dia, existem vários grupos e estes revezam todos os setores, uma semana de cada. Seja na padaria, na cozinha, na limpeza das salas, no cuidado com o jardim, no cultivo das hortaliças, no cuidado com os animais. Tem porco (1 ou 2, não mais que isso), 2 cavalos, 1 cachorrinho o Tutu, que também era de rua e precisava de um lar! Tem um lugar que Seu Jairo sonha em construir um lago com uma ponte no meio, para que também se possam criar peixes aproveitando para alimentação, tem uma quadra de futebol no gramado, e uma vista espetacular, já que fica entre as serras. Um domingo por mês, é o dia da visita da família, e é muito emocionante. Outro conhecimento transmitido é o violão, e os filhos da casa, tocam e fazem um lindo coral, cantando alto as canções espirituais que transmitem paz, alegria e amor. Durante a manhã as famílias ficam em reunião com o Seu Jairo, e com a equipe técnica (psicólogas e enfermeira), em seguida almoçam todos juntos, à tarde conversam com privacidade espalhados pelos gramados, depois o padre reza a missa e o dia termina com um café e com homenagens para as famílias. É lindo vê-los cantando e tocando. Nestes dias os violões se cansam!E é para ajudar este lugar que te escrevo. Na verdade contei tudo muito resumido e as dificuldades vividas quem pode contar é Seu Jairo, ele tem histórias onde conta das vezes que já faltou comida, que teve que subir o morro a pé porque a chuva levou a ponte ou porque o fusca quebrou. Eu amo aquele lugar e dou de mim ao máximo o que posso para me dedicar, mas como ele, mais ninguém. Eu acredito que, além disso, Seu Jairo pode contribuir com uma lição de vida em nível nacional, onde as pessoas possam refletir sobre seus valores e sobre o que estão tornando prioridades nas suas vidas. Por isso te peço que venha, você pode ajudar muito. Mas também peço que ao nos ajudar vocês aproveitem ao máximo tudo que existe hoje na comunidade e não saiam do estilo simples de viver a vida. O chão da sala de reunião por exemplo, foi feito de sobra de pisos e azulejos, é um festival de azulejos diferentes que num primeiro olhar não combinam de jeito nenhum, mas que valorizam quem o construiu, bem como o sentimento de vitória por mais uma obra conseguida!O que falta na comunidade são mais dormitórios, pois a meta é chegar a oitenta filhos da casa, um teto entre os dormitórios e o refeitório, porque em dia de chuva cria pantano e suja tudo já que o chão é de barro, neste espaço poderia ser colocado até pedra brita. Falta o açude com a ponte no meio (já tem um valo, que é meio açude), e se pudessem também fazer uma cobertura de teto com iluminação na quadra de esportes de gramado para se jogar nos dias de chuva, na verdade já se tem todas estas estruturas, meu pedidos é para arrumá-las! A única estrutura que não tem ainda e faz muita falta é um auditório, pode ser bem pequeno, porque a sala de reunião é muito pequena, não cabe todas as pessoas da família nos dias de reunião. E se eu tivesse direito de pedir, queria também que vocês dessem um jeito na sala das técnicas. Temos só uma salinha precária dividida entre as duas psicólogas e a enfermeira. A sala é muito feia! Tem cheiro ruim, e eu nunca atendo lá porque a Jadna atende no mesmo horário que eu e a enfermeira também! Daí eu os atendo na sala de reunião, sem móveis adequados, (não que a sala das técnicas tenha moveis adequados!) tem que carregar um sofá lá de baixo da sala da Monalice e a cadeira que fica na capela para o padre! E é tudo morro, cansa! A nossa sala fica em baixo da mansão do Seu Jairo, e o nosso teto é o piso deles, feito de madeira, o barulho feito atrapalha durante os atendimentos. Mas por mais que eu afirme que faltem estruturas físicas na comunidade, e reclame da minha sala (que nunca foi minha!). O ambiente inteiro da comunidade é lindo demais, mesmo humilde. Lá se encontram pessoas felizes, lutando pela construção de um futuro melhor, ensinando uma verdadeira lição para a pessoas que conhecem o local. Inclusive para as pessoas que moram próximas dali. Quando Seu Jairo resolveu abrir a comunidade teve que lutar contra um abaixo assinado feito por toda a vizinhança, e até hoje nunca houve nenhum problema, bem como ele pagou tudo que gastou para construir cada pedacinho daquele local. Quanto ao pagamento feito pelas famílias, seria um salário mínimo no início do tratamento, aquela que pode paga, se não pode recebe ajuda mesmo assim. Também tem algumas prefeituras que ajudam o interno, me parece que com duzentos reais de pensão para o filho do dependente se este o tiver. E no dia das famílias quem pode trazer alimentos também contribui como isso não é suficiente, são feitos pedidos nas igrejas. É muito importante ressaltar que não existe nenhum vínculo político ou financeiro que possa oferecer alguma renda ou outra contribuição. E é por isso que te escrevo. Te peço Lú, venha nos ajudar. Nós fizemos à prova que for para ganhar, temos um monte de talentos e dependendo do que você pedir descobriremos outros imediatamente!Além disso, considero extremamente importante mostrar para a sociedade que um dependente químico continua sendo uma pessoa como qualquer outra, muitas vezes cheios de valores e só precisam de apoio invés de acusações... A família também é muito importante neste processo de recuperação.Para finalizar esta carta, cabe ressaltar que o seu Jairo tem mais um sonho! Já conseguiu um terreno e no ano que vem está previsto o início da construção de um lar para velhinhos, conhecido antigamente como asilo. Eu adorei a idéia, e vou estar sempre do lado dele ajudando em tudo que eu puder com muito amor e dedicação, e agora te pergunto: E você Lú, vai deixar essa história passar em branco e não vai ajudar no que você puder?

Motivação é a impulsão para realizações de sonhos

- Luciane Bitencourt, Psicóloga

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